O pretexto «terrorista»<br> e a quem aproveita

Carlos Gonçalves
Viveu-se esta última semana mais um episódio, real ou inventado, da «ameaça terrorista global», atribuída por Bush ao «fascismo Islâmico». E desde logo registe-se esta «definição», com que a extrema direita cristã integrista e «neo conservadora» dos USA procura aproveitar-se e auto adesivar uma filiação democrática, fraudulenta e em pretensa contraposição à ultra direita confessional islâmica, para fazer esquecer os seus profundos laços parentais. O imperialismo USA, que age, na arena internacional, como Estado terrorista, e é ainda mais acintoso nesta «Administração», e que no terreno interno vai tornando a «democracia norte americana» cada vez mais um mero formalismo comandado pelos oligopólios do complexo financeiro-militar-industrial, não tem, política e eticamente, autoridade para chamar fascista a quem quer que seja.
E sem derivar para a «conspirativite», mas também sem esquecer que isto das conspirações «é como as bruxas», o facto é que a «descoberta pelos serviços secretos de Sua Majestade» e do Paquistão dum «ataque em preparação» contra aviões civis em trânsito para os USA, encaixou milimetricamente no quadro das necessidades de contra informação de Israel, Bush & Blair, na conjuntura das dificuldades nas guerras de agressão e (re)ocupação do Líbano, Iraque e Afeganistão. Aliás, há notícias de «agentes infiltrados» e «centenas de investigações», o que permite levantar a hipótese de que, mesmo sendo real a preparação dum hediondo ataque terrorista de grande dimensão, a sua «descoberta» neste momento, tal como a sua atribuição à conveniente sigla da AlQaeda, podem bem ter sido geridas e aproveitadas conforme a agenda imperialista. O futuro dirá.
E por cá, num quadro sempre mais alinhado com o imperialismo e de apoio mascarado à agressão israelita, quando, depois do Afeganistão, pretende empenhar tropas portuguesas na ocupação do Líbano, o Governo aproveita-se do pretexto da «ameaça terrorista» para consumar a concentração (obsessiva), na «dependência directa do P.Ministro» das «capacidades de combate ao terrorismo». Ou seja, o Governo PS/Sócrates, prepara-se para dar mais um passo na ofensiva contra o regime democrático e, nesta matéria, subtrair a acção da PJ ao poder judicial, colocando-a na alçada do Sistema de Informações e do Governo. Um caminho perigoso que pode levar direitinho a que, um destes dias, este ou outro P.Ministro se ocupe de mandar prender o «inimigo interno terrorista».
Não pode ser! Em nome da liberdade, da democracia e da paz.


Mais artigos de: Opinião

<em>Festa do Avante!</em> vem aí!

Dentro de cerca de 15 dias, voltam a abrir, pela 30ª vez, as portas daquela que é a mais bela realização política e cultural de massas realizada no Portugal de Abril – a Festa do Avante!.

<em>“Real Politik”</em>

No momento da redacção deste artigo não existem combates no Líbano. O chamado cessar-fogo está em vigor há poucas horas. Mas qual foi o preço que o Estado e o povo libanês tiveram que pagar para deixar de viver, ainda que num quadro de grandes incertrzas, sob o inferno dos bombardeamentos israelitas?O primeiro preço foi…...

A excepção e a regra

Em pleno ataque de Israel ao Líbano – só por eufemismo se pode dizer que a guerra é «apenas» contra o Hezbollah, sendo libaneses os mortos, as casas e estruturas destruídas, a terra ocupada – a base das Lajes voltou a estar no centro das atenções por ter servido de escala a pelo menos um avião da Força Aérea...

Informação e democracia

«Existe uma relação inversamente proporcional entre a vasta influência da imprensa na actualidade e o tamanho do grupo que pode utilizá-la para expressar suas opiniões. Enquanto a importância da imprensa para o povo aumentou enormemente com o seu desenvolvimento como meio de comunicação de massa, diminuiu em grande...

O multiusos

O ministro da Administração Interna, António Costa, é um governante para todas as estações (já foi quatro vezes ministro e, uma, secretário de Estado, sem falar das funções dirigentes que desempenhou como vereador em Loures e em vários cargos na orgânica do PS, tudo isto em 45 anos de vida, o que é obra), pelo que não...